Pra quem gosta de cena underground, valeu esperar esses meses todos de intervalo entre o Deep Loop #3 e o Sunset Warung. O club por si só já denota uma vibe absurda e boa música. Desta vez, toda a energia positiva de um dos mais famosos e melhores clubs do planeta desembarcou em Goiânia para o que seria talvez, um dos eventos mais esperados do ano.
Na prática, juntou-se os melhores DJs e produtores do cenário regional, com os dois mais relevantes residentes do Warung, a pequena e muito talentosa Aninha, e o maestro e proprietário do D-Edge Renato Ratier. Em termos regionais tocaram Elias Toufic (residente do Alizzari Disco de Anápolis), Renato Borges (residente do Sedna Lounge), Hans (ex-Fiction), Gabriel Boni (InMinimax), Alex Justino (Lo Kik), Fabrício Roque & Alienato (Ex-Fiction) e Cristiano Caramaschi (ex-Fiction) & Joni Anglister.
O Local: a Estância Lago Verde, tem uma área muito legal para eventos. Um casarão estilo rústico, mas com um trabalho de paisagismo excelente, deu um visual muito legal e bastante compatível com que se tem no próprio Warung. A estrutura do telhado do salão, vista por baixo parecia bastante o que se tem Warung, fora os dragões gigantes que estavam do lado fora. Fez o público goiano praticamente se sentir em Itajaí.
O trabalho do mapping, dessa vez não foi tão complexo como na Deep Loop #3, mas composto por 3 triângulos, remete ao telhado do Warung. Os responsáveis pelos efeitos visuais foram os Vjs Toshiro, do Warung, e o Vj Erms Desconstrução.
Falando do Dj Sets que ouvi e gostei, a ponto de merecerem estar nesta resenha, vou começar dos primeiros para os últimos, e claro, como sempre, darei algumas caneladas sobre coisas que vi, e não gostei.
Elias Toufic, de Anápolis, foi o primeiro a tocar. Começou às 16h e terminou às 17:30. Fato que achei injusto seu horário, dado o talento que ele tem, e mais especificamente, pela qualidade do set. Sempre grooveado, ele mantém uma linha de deep house que pode ser tanto um headline como um warm-upper. Não sei por que cargas d'água o jogaram nesse horário. Com um som tão legal, tocar pra pouca gente eu acho sacanagem. Mas, o horário é esse, e alguém precisa tocar. Fazer o que?
O próximo foi Renato Borges. Que também achei que merecia um horário melhor que o que ele tocou, entretanto, manteve uma linha com uma cara típica de warm-ups. Tudo entre 116 e 118bpm, nada barulhento nem acelerado. Pela carreira, pelo som e pelo profissional, merecia um horário melhor. Talvez após Fabrício e Alienato. Mas o set dele foi bem bacana, salvo alguns contratempos, vejo Renato melhorar cada vez mais no deep house. E pra um DJ que toca basicamente, desde um house mais acelerado, a hip-hop, migrar de dois gênero que são um tanto quanto comerciais, dada a casa em que reside, tocar deep house seguindo uma linha conceitual pode não ser tarefa tão simples, ou fácil mas que ele deu conta do recado.
Às 23h, subiu ao palco Aninha. A residente do Warung tocou exatamente o que eu esperava ouvir dela. Um set de começo macio, e final áspero. Saindo do deep house, caindo no tech house com um tempero de techno pra dar uma esquentada na pista. A pista vinha abaixo a cada virada e a cada turn back de seus tracks. Foram duas horas de set, mas que tinham uma energia e estavam tão contagiantes que passaram bem rápido. Uma das coisas que eu mais gosto em sets dela são o fato de sempre ouvir muita novidade, e raramente mas muito raramente, repetir algo que já foi tocado em outros sets. É sempre muito bom ouvi-la tocar, principalmente quem gosta de ouvir música boa, novidades e groove.
Em seguida, foi a vez de Alex Justino. No começo eu pensei que fosse ouvir mais uma vez um set com muito house, ou pelo menos numa roupagem clássica de house. Mas não. O chefe surpreendeu a todos com um deep house bastante encorpado e com uma pegada de tech house, pra não falar que muita coisa soou como tech house e techno nos meus ouvidos e nos ouvidos de muitos amigos e outros DJs que também o ouviram tocar, inclusive ouvi vários elogios avulsos da galera na pista. Surpresa ou não, foi um dos melhores que sets dele que eu já ouvi. Tanto trabalho, e trabalho bem feito resultaram inclusive em uma das mais importantes gigs da sua carreira: tocar no D-Edge dia 16 de junho. Bastante merecido diga-se de passagem.
Na seqüência, tocou Renato Ratier. Mais uma vez me surpreendeu e me fez ficar perplexo com a qualidade do que ele apresentou. O som dele parece estar sempre a frente de tudo que se toca. Além de ser muito diferente do eu estou acostumado e ver em sets de techno, mesmo sendo techno de DJs como Anderson Noise ou D-Nox. É algo totalmente diferente, bem a cara do D-Edge, parece meio nu disco, meio techno, meio house, meio tudo. Todo o respeito do D-Edge e do próprio Renato se deve justamente a esse trabalho diferenciado, carisma e educação impecáveis. É sempre muito bom vê-lo tocar também, por sempre tocar novidades que gravadoras ainda nem lançaram num set com muito groove e muita seriedade.
Acabei por falar somente destes, pois foram os DJs que mais gostei e os que achei que devesse fazer comentários pertinentes. Óbvio que todos os comentários são simplesmente o que meu cérebro conseguiu interpretar. Mas salvo algumas caneladas, eu só tenho a elogiar todo o staff da festa, uma vez que foi muito bem organizado, bastante bem feito, tudo muito bom, estrutura, soundsystem, decoração, e público, principalmente público que fez tudo ser ainda mais incrível, curtindo o som, gritando, tudo isso fez com que a vibe fosse incrível. Com certeza essa foi uma balada que entrou para a história de Goiânia, que tem se mostrado um lugar cada vez melhor pra se tocar, principalmente deep house, tech house e techno, mas claro, graças a iniciativa de toda a equipe Deep Loop, e desse público que vem se fidelizando cada vez mais e se tornando cada vez maior e mais freqüente nas baladas underground, ou não. Congratulations fellas.