quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Djs e seus sets

            



            É notável, todo DJ tem suas próprias características e técnicas durante seus DJ sets. Essa característica pode ser técnica, músicas, método como o DJ faz uma pista ficar mais quente ou não. Basicamente depende dele e do horário em que ele vai tocar.
            Costumo dizer que é possível existirem três tipos de DJ sets, o warm-up, mais morno, com tracks menos pegadas, mais deep house e tech house, ou seja, menos pista. Há o headline, onde o DJ é a atração do dia e deve fazer mais pista, com tracks de muito groove, boa melodia e algumas com acapella pro som não ficar muito quadrado. E por fim, há o after party, onde pode ser uma mistura de warm-up com headline. Da pra tocar tracks de muito groove, tracks mais mornas, o que vai determinar isso é o horário, o DJ, e principalmente, a pista.

No warm-up, eu costumo dizer que existem três modos de se fazer um bom warm-up. Em gráfico, seriam uma reta crescente, uma curva ascendente ou uma parábola com concavidade para cima ou para baixo. Talvez soe complicado, mas não é. O que vai determinar o formato é a atração seguinte ao warm-up. Um exemplo: se o próximo DJ a tocar, tocar deep house e tech house, o som do warm-up pode ser uma parábola de concavidade para baixo. Começa-se mais frio, som vai subindo até um ápice, faz um pouco de pista, e se esfria novamente, pra não entregar uma pista cansada para a atração.
O formato de curvas ou retas ascendentes eu digo que são para quando o som do próximo DJ é mais pesado, ou seja, algo como techno, progressive house, ou qualquer outro som cujo bpm supera 125. Porém, apesar de tudo, isso não é uma regra e nem um decreto. Uma análise a grosso modo, diria que é mais pra algo que pode ser notado em DJ sets bons.
O after já é mais dinâmico que o resto. Basicamente depende do lugar, do horário, da balada e da pista pra ditar como vai ser. Há baladas onde o after é como se fosse um warm-up, e há baladas onde o after se destaca mais que a própria atração. Questão de público e também não existe receita.
Pra falar a verdade, eu mesmo nunca vi ninguém fazer uma comparação assim. Porém, acredito que graficamente, esse seriam os formatos de um warm-up, mas de novo, quem dita como o som vai ser ou não, é a pista. E obviamente, também depende muito da linha que o próximo DJ vai seguir. Mas é imprescindível que o DJ do warm-up saiba como é o som do DJ principal.
Outra característica dos DJs em seus sets são suas tracks. Muitos DJs de deep house e tech house não são muito chegados em som com acapellas, e muitas melodias, outros adoram. Essa característica faz com que cada set seja praticamente uma assinatura. DJ sets de DJs como Carlo Dall’Anese por exemplo, sempre contém algum rock, ou algo mais oldschool. E há também os que só tocam hits da moda. Questão de gosto, mas eu odeio.
Um DJ set que pude conferir na Deep Loop Open Air e que por sinal me deixou perplexo, foi o DJ set da DJ residente do incrível Warung Beach Club, de Itajaí-SC, a DJ Aninha. Simplesmente FODA, é a melhor descrição pro set dela. Seria um som que ao mesmo tempo que fez a pista bombar, podia ser um excelente warm-up pra alguma outra atração. Há muito tempo eu não via algo de tamanha qualidade vinda de uma mulher tocando, sem preconceito. Mas a maioria das moças que tocam, se tornam escravas de hits, progressive house e do odiado electro house vulgarmente conhecido como “poperô”.


Pra ninguém falar que estou falando mal de mulheres DJs, vou citar aqui minha amiga DJ Marie Bouret, do Rio de Janeiro. Uma das poucas que de fato gostam da cena underground, e ainda tocam tech house, techno e deep house de boa qualidade. Igualmente versátil, o som dela também se aplica tanto pra warm-ups, como para afters e headlines.
Outras DJs que também posso citar aqui e dão uma verdadeira aula de música são as DJs Ingrid da D-Edge de São Paulo, DJ Anna, agora do casting da Carambola Records e ex DJ da B-Side Records de propriedade de Carlo Dall’Anese, que inclusive tocou bastante com o brasileiro residente da Republica Tcheca Rodolfo Wehbba, e a também DJ carioca Dri.k. São todas muito boas no que fazem, ainda estão na cena underground e não precisaram se render para o progressive house, hits ou outras porcarias musicais pra conseguir gigs, ou pura e simplesmente conseguir gigs por serem mulheres e bonitas. 

Marie Bouret

Aninha (Warung)

Ingrid (D-edge)

Dri.k

DJ Anna (Carambola Records)