segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Old is cool



    Hoje em dia, todos aqueles que hoje são DJs por amor à música, pesquisam freneticamente por novas músicas, estão sempre atualizados quanto ao mercado musical dos quais estão inseridos. Eu mesmo, pesquiso quase que diariamente por novas músicas, e de preferência, por tracks que ninguém tem. Quase um vício. Entretanto, todos sabem que algumas músicas, por mais antigas que sejam, se fazem sempre muito "atuais" quanto a sua sonoridade, ou seja, mesmo não sendo músicas novíssimas, são possíveis de se tocar em meio a um set tão atual, dada a qualidade da produção.
    Existem as músicas que jamais saem dos cases dos DJs inclusive por uma questão de se encaixarem perfeitamente em sets novos. Mas, há um tempo, começou-se uma prática bastante interessante que é "a onda do Oldschool".
    Em termos de house, a idade da música não interessa. O que interessa é ter groove, ter o poder de agitar uma pista de modo quase único. Num set de house, músicas nostálgicas muito provavelmente têm o poder de causar frenesi numa pista, principalmente se a pista for igualmente bem informada em termos de música. E então, vemos cada vez mais DJs conceituados tocando músicas antigas.
    Na prática, não importa a data. O que interessa é o groove. E a melhor parte é que cada vez mais, as tracks mais old school, na pista, tem dado um resultado bastante surpreendente. Mesmo os mais novos, que não chegaram a ouvir aquelas músicas em baladas, provavelmente se lembram de ouvir tocar em algum lugar.
  


      A maioria das músicas antigas que fazem mais sucesso nas pistas de hoje, são as que foram produzidas entre 92 e 95. Os synths eram bastantes característicos, e quase que todas as vezes que tocamos músicas assim hoje, e em qualquer lugar do Brasil, a aceitação é sempre muito boa, principalmente por parte dos mais antigos na noite.
      Recentemente vi uma track, de 89, com uma pegada totalmente deep house, bem low bpm, provavelmente entre 115 e 118 bpm, o que pra uma música de 89 é demasiadamente lenta. Quer dizer... é possível notar, mesmo numa música de 1989, elementos que se encontram em produções concebidas dentro do deep house de hoje, fazendo essa track se encaixar muito bem em sets com músicas super atuais. Se trata de DA Rebels - House Nation Under A Groove:


    
    Outras duas músicas que tem aparecido bastante em sets de DJs conceituados, como Dubshape (João Lee & Alê Reis) e Phonique, datam da década de 90, não sei precisamente o ano em que foram lançadas, mas foram muito tocadas por Fatboy Slim em seus shows na praia de Brighton, na Inglaterra em 2002. As duas tracks em questão, se tratam de um remix e uma produção própria de Kid Creme, são: Austin's Groove e Shakedown - At Night (Kid Creme Remix):

*Shakedown - At Night (Kid Creme Remix):

*Kid Creme - Austin's Groove:


     Na prática, é notório que não necessariamente um set bom, precisa ser 100% atual. Já que músicas antigas também representam não só pesquisa incessante, como também uma cultura musical apurada e rica, desde o que fez sucesso há anos, ao que faz sucesso hoje. Fora que, um tempero old school num set, pode ser bastante interessante, fazendo a vibe de qualquer pista se tornar ainda mais incrível. Essa vibe, é positiva tanto pro artista que está se apresentando, quanto para o público.
     Outra música, não muito antiga, mas que sempre que possível, eu toco. Por gostar, por ter groove e por ter uma atmosfera legal, é Lux Dementia, do Afrilounge. A track data de 2005, e apesar de ser uma música de 6 anos de idade, o que é muito para a música eletrônica, ela se encaixa muito bem em qualquer set de deep house.


     Resumo da ópera: Aos que estão começando, já começaram, já tocam e tem aversão ao antigo e nostálgico, tá na hora de rever seus conceitos. Pesquisa musical rica, apurada, produtiva e útil, envolve o novo e o antigo. Digo isso inclusive, baseado em sets de um dos produtores e DJs mais aclamados pelo público mundial, que é ninguém menos que Ricardo Villalobos. Os sets dele sempre tem algo antigo, ou com uma atmosfera revival, trazendo esses elementos do old school de volta em músicas recentes. Old is cool.