domingo, 13 de novembro de 2011

[Resenha] Deep Loop #5




     "Vamos com tudo". E fomos. Demorou, mas tá aqui. Devido a um pequeno problema com tempo sobrando não estava tendo muito tempo para o blog, mas enfim. É com imenso prazer que digo que a 5ª edição da Deep Loop foi um verdadeiro sucesso. Como eu disse, no outro post, tinha tudo para superar a edição anterior que já havia se afirmado num patamar épico, e de fato conseguiu.
     Cheguei cedo, o primeiro set que vi na noite foi o back 2 back dos meus amigos Elias Toufic (Alizzari Disco/Anápolis) & Rafael Danke (Lo Kik Records). Macio, soft, smooth. deep house, bem deep. Provavelmente não teria como definir melhor o set da dupla que não a própria definição de deep house. Tracks com vocais, ou auxílios vocais, pianos, linhas de grave que variavam no compasso de 4/4 e 8/8, percussões leves, synths macios, nada carregado, nem pesado, e com um tempero de tech house no set deu aquele diferencial que um evento como a deep loop exige. Simplesmente impecável. O set dos dois pode ser conferido na íntegra no soundcloud do Rafael Danke
     Na seqüência, Fabrício Roque começa o set dando um chute na cara da galera. Conheci o som do Fabrício no fim de 2007, e até hoje, posso afirmar que o melhor set da vida dele, foi nessa edição da Deep Loop. Bem misto entre meus gêneros favoritos que são o tech house, deep house e techno, tocou tracks, eu diria antigas mas que ainda são bem comentadas na boca do público. Em particular, achei ponto alto do set três tracks em especial, que por sinal são três tracks que eu adoro:




     Em seguida, entrou Kings Of Swingers, dueto composto por Mau Mau (D.Edge) & Renato Ratier (D.Edge). Como eu já esperava, techno e tech house. Bicuda na fuça. Pesado mas macio, Mau Mau toca no vinil, Ratier nos CDJ, cada um com seu set up, o que como é de se esperar, torna a mixagem mais difícil uma vez que precisa praticamente ser inteira feita com um ouvido no cue do fone e outro no retorno. Um dos sets de techno mais legais que eu já vi, fiquei assustado com como o Mau Mau consegue tracks tão novas em vinil, o que hoje é muito difícil de conseguir, e foi muito bem acompanhado por Ratier. Tive a leve impressão de que a pegada de tech house do set da dupla foi obra de Ratier enquanto o techno, Mau Mau. Simplesmente incrível. O públicou ficou simplesmente INSANO durante o set do dueto. Me senti no D.Edge ao ouvir o som deles. E de fato tocam de um modo remete ao club paulistano, talvez seja esse um dos vários motivos do sucesso desses dois. Uma das tracks que gerou frenesi no público foi Noir & Haze - Around (Solomun Remix), uma track relativamente lenta. Mas isso não é problema pro público Deep Loop:


    O próximo a se presentar foi Alex Justino. Mega deep house, com um tempero forte de house, o set dele não passou dos 123bpm, e mesmo assim público na vibe, mão pra cima, gritaria, loucura a insanidade. Nem com o som parado por um pequeno problema no gerador as pessoas foram embora. Todos ficaram por lá aguardando a hora de voltar e continuar a balada. Voltou, e continuou como se nada tivesse acontecido. Detalhe, quando ele começou já eram 5:30h da manhã de domingo e balada ainda estava socada! Efeito Deep Loop meus caros... O som do Alex foi mais ou menos assim:


   

     Em seguida, Junior C (3plus/SP) começou seu set, bem tech house.  E praticamente o mesmo nível que lhe rendeu tocar no Skol Beats aos 17 anos, e o mesmo nível de som que o vi na Fiction em 2008 em duas ocasioões: segundo DJ do warm-up para Gaz James (UK) e Renato Ratier (D.Edge). Cacetada. 6:40h da manhã, e a vibe ainda era a mesma do começo da noite.
     Por último, Giuliano Hopper (5uinto/DF) se apresentou. Idealizador do projeto 5uinto, que acontece nas quintas-feira em Brasília, o DJ do quadradinho como sempre mostrou que não estava de brincadeira. Eu gosto bastante do som do Hopper, inclusive é um dos meus DJs preferidos no cenário regional. Uma das coisas mais legais que o vi fazer foi justamente passar a festa quase inteira na pista, curtindo o som dos outros protagonistas, que é algo bem raro hoje em dia. Muito DJ por aí, só dá as caras na festa quando chega, toca e vai embora em seguida. Ele chegou ao evento durante o set do Fabrício, e lá ficou até finalizar seu próprio set, numa roupagem de deep house com tech house. E a vibe continuava incrível.
    Os visuais foram de responsabilidade do VJ Felipe Monteiro, que soube usar com muita sabedoria os painéis de LED sobre a cabine, atrás da cabine e logo à frente do palco. Os visuais mais abstratos, compuseram de forma muito interessante, visto que os paneis estavam separados por um espaço de mais ou menos 40cm, então as imagens, já abstratas, ficavam ainda mais diferentes e interessantes. De frente, a imagem ficava exatamente como projetadas, mas no teto, compunham como parte da iluminação geral. Os moving heads eram praticamente desnecessários. Os visuais nos painéis superiores ficaram mais ou menos assim:


    Meus caros, é assim que se faz uma festa. Eu vi a Deep Loop nascer com 200 pessoas. O que torna essa festa tão incrível é o modo como as pessoas ficam sabendo. A divulgação não é massiva, e nem é pra ser. É o tipo de festa que as pessoas não vão pelo open bar, nem pelo famoso que vai tocar, nem pelas mulheres que vão estar lá, nem para aparecer. As pessoas vão com o intuito de se divertirem, de ouvir música boa, ver gente bonita, diferente e muito bem humoradas. É um dos poucos lugares onde a balada vira madrugada adentro até o sol nascer, e não vemos brigas, nem gente indo embora cedo. O público chega e fica até acabar. O resultado é mais ou menos assim:




    Uma festa pra ser incrível, pra dar certo e se tornar algo lendário, basta ser feita com uma coisa: amor. Se você se propõe a fazer algo e colocar o coração nisso que você está fazendo, tudo está fadado a ser um sucesso. Não necessariamente vai ser fácil, mas o resultado é satisfatório. Quando Cristiano Caramaschi, Fabrício Roque, Alex Justino e Márcio Luciano se reuniram pra fazer a Deep Loop, todos fizeram a festa acontecer com muito amor, dedicação e suor. Não precisam tratar clientes como lixo, não precisam exagerar nos preços, não precisam ter 'gente importante' pra festa ser incrível. O público só precisa estar ali pra uma coisa: se divertir. Os outros 'promoters' e organizadores de eventos precisam aprender com festas como a Deep Loop de como se faz uma festa. Mais respeito com público, com a cena e com os DJs. Menos luxo, menos glamour, menos ostentação e mais música. Simples assim. Isso foi mais ou menos o que foi a Deep Loop #5