quarta-feira, 28 de março de 2012

Deep Loop #6, Pacha e coisas novas






     Dado a um problema relativo a tempo disponível, cujo mesmo anda em falta devido a compromissos acadêmicos e profissionais, acabei deixando o blog um tanto quanto largado. Entretanto, digo que sempre que possível, postarei por aqui, como é o caso deste post que vai relatar e falar e de algumas coisas que aconteceram de janeiro para cá.
     Sim amigos, até que enfim a tão comentada Pacha chegou. Demorou, mas não falhou. E a filial do clube de Ibiza veio com tudo para as noites goianas. Trazendo novos nomes, e nomes já conhecidos em seu contexto musical, a Pacha Goiânia mostrou que não veio a passeio e em pouco tempo de funcionamento, trouxe grandes nomes do progressive house, em todo seu espectro, desde o um pouco mais comercial, ao mais pesado, grandes artistas e projetos muito interessantes.
     Internamente, o clube ficou muito bonito, com tudo o que há de mais moderno em termos de decoração e equipamento. Com um soundsystem de primeira, é o único clube atual da capital goiana, que remete ao tão comentado sistema DAS que o antigo Club Fiction possuía. Com uma qualidade de áudio incrível, os mais técnicos dizem que atualmente é o melhor lugar pra se tocar, tendo levado em conta seu público, o som e toda a parte técnica. Goiânia voltou a ter uma casa que realmente vende música, e a leva a sério. Como se já não bastasse a casa estar fadada ao sucesso devido ao fato de ser franquia de uma das mais famosas, se não mais famosa, franquias de boates internacionais, o Clube ainda conta com profissionais respeitados em seu casting, como o DJ residente, Alex Justino e o VJ Felipe Monteiro, além de outros nomes de peso que passam por ali constantemente como o DJ Renato Borges e André Pulse. Que continuem assim, e cada vez melhor.
   


     Sábado passado, aconteceu mais uma histórica Deep Loop. O evento que já tem tomado proporções épicas, escreveu mais um capítulo na história. Que a marca Deep Loop já é grande, todo mundo consegue perceber, que é uma marca respeitada em todo o cenário da música eletrônica também. Quando começaram a montar o line-up do evento, eu imaginava ver algum outro grande nome nacional como headliner da festa. Talvez voltassem com um ou dois residentes do D.Edge como Tuco Rosa e Lubalei, talvez residentes de outro club como o Warung, e porque não pensar em Gui Boratto como provável headliner? Seu som macio, bem elaborado e com arranjos que remetem ao deep house atendem a todas as características da festa. Mas não! Fiquei muito surpreso ao ver que o headliner da festa era nada menos que o mito do deep house, Pit Gorge Waldmann.
 


     Boom! Minha cabeça explodiu. Eu não imaginava na possibilidade de ver Gorge tocar de novo em Goiânia, muito menos em um evento como a Deep Loop, visto que vários fatores como coincidir a data da festa e sua estadia no Brasil. Por uma enorme felicidade da minha pessoa, tudo certo para que ele tocasse por aqui nessa semana.

     A festa contou com um line-up interessante, e que me agradou bastante. A ordem dos DJs era basicamente: André Pablo (Baobá Lounge Bar), Rafael Danke (Lo Kik), Alex Justino (D.Edge), Gorge (8bit), Fabrício Roque e Fábio Alienato (D.Edge). A assinatura do video mapping, mais uma vez ficou por conta do VJ Erms.
   


     Em espectro geral, INCRÍVEL. A princípio confesso que fiquei assustadíssimo com o nível do mapping feito pelo Erms. Completamente impecável e diferente de tudo que já havia tido por aqui, os visuais se tratavam de uma decomposição do logo da Deep Loop, e dispostos em diferentes planos e diferentes níveis de altura, tornou o mapping ainda mais insano ao se manter no centro da "tela", o logo da Deep Loop de modo relativamente estático, mudando somente às vezes. Simplesmente incrível. Quando eu achava que tudo já havia chegado num nível em que pouco mudaria, o Erms aparece e mostra como se deve fazer um mapping diferente e bem trabalhado.

     A respeito dos sets, música boa de cabo a rabo. Deep house mega low bpm no começo da festa eu achei demais. Warm-up que se preze de fato não pode passar de 115bpm. Entretanto, ter ouvido muita música do top 100 de deep house do Beartport, infelizmente fez o quesito pesquisa ficar devendo ao André Pablo. Som excelente, contudo, sem identidade própria. Nada que o tempo faça melhorar, até porque, ninguém já começa algo sabendo. Na seqüência, Rafael Danke assumiu a cabine e tocou exatamente como eu gosto de ouvir num set de começo de festa: grooveado, linhas de grave moderadas e extensas, percussões relativamente fortes, poucos vocais e beats lentos que não passavam de 118 ou 120bpm. Fino, simplesmente. Em seguida, Alex Justino entrou e fez o que seria a transição de um warm-up pra um headline. Macio, muito house até a metade do set, e então, depois da metade, começou a pancadaria com um deep house mais forte e creio que até tech house, de modo a entregar a pista já quente ao pequeno DJ e produtor alemão, Gorge. 

      O set do Gorge, foi um absurdo. Deep e tech house pesadíssimos, linhas de graves extensas e fortes, e 90% do set só de músicas unreleased que chegaram para serem lançadas em seus dois selos, 8bit Records (cujo sócio é o também produtor e DJ Nick Curly) e Katchuli Records (de sua propriedade). Ou seja, um set inteiramente diferente e inédito, uma vez que boa parte das tracks ninguém ainda sabe quais são. A levada da construção do set do Gorge segue o padrão de quase todos os produtores alemães, com mixagens extremamente precisas, onde mal dá pra identificar quando uma música acabou de entrar e quando outra música saiu, típico de mixagens longas, em que consome cerca dos últimos 2 minutos de cada track e o primeiro minuto da track seguinte. Simplesmente incrível. Além de tudo, como se não bastasse, Gorge é extremamente carismático e gostou bastante de ter tocado em Goiânia na primeira vez, o que deixou boas impressões pra descer o sarrafo no set desta edição da Deep Loop. Impecável. Em uma conversa com ele, ele me contou ter ficado muito impressionado com o mapping feito pelo Erms e com, até então, o som do Rafael Danke.


     Em seguida foi a vez de Fabrício Roque. Eram mais de 5 horas da manhã quando ele assumiu a cabine. Mas, infelizmente assim que o Gorge terminou seu set eu fui embora. Estava muito cansado e meus olhos ardiam por causa da fumaça de cigarro. O lugar, infelizmente não tinha exaustores o que atrapalhou um pouco eu curtir a festa como deveria. Entretanto, amigos me contaram que os sets do Fabrício e do Alienato foram incríveis, com direito a War Paint ft. Gina Mitchell (Claude VonStroke Remix), Who's Afraid Of Detroit (Claude VonStroke Remix), que não poderiam faltar em sets do Fabrício, que inclusive contou com seu live de gaita que é sempre sensacional. E o set do Alienato, como sempre, com muita novidade em termos de deep house e tech house. Ficar excessivamente cansado aos finais de semana, infelizmente, agora são meus ossos do ofício...


     De maneira geral, nota 10 pra toda a equipe Deep Loop e principalmente pelo público. Pelo público que soube ouvir música boa, música diferente e soube, como sempre, valorizar cada DJ que subiu ali, fazendo a festa toda ser incrível, tanto para os DJs e organizadores, quanto para o próprio público que se empolga mais ainda ao ver os DJs animados e felizes com cada reação que a pista tem ao tocar suas músicas. Um evento legal, não precisa cobrar os olhos da cara e colocar pessoas 'famosas', pro lugar ser bem freqüentado e festa ser boa. Só precisa de música de primeira, DJs de primeira, e um público que vai ser de primeira por pagar pra ver os caras tocando, e não estar ali pra ser 'descolado'. Então, a toda equipe da Deep Loop, meus sinceros parabéns e que venha a próxima.