terça-feira, 29 de março de 2011

E a história continua



     Que agora todo BBB se mete a ser DJ não é novidade. Até porque eu acho que já me acostumei a ver tanto #epicfail num mesmo ano... principalmente no que se diz respeito dos meses até maio ou abril, que era quando terminavam os BBB. A maioria dos ex-participantes desse reality-show medíocre se metem a "virar DJ" e agora até ex-prostituta "virou" DJ. Surpresa? Não, conforme já disse dois posts abaixo, é um curso natural.
     Até aí tudo bem. BBB e tal, aproveitando-se dos últimos momentos de fama, ou algo quase próximo disso, ou sei lá o que. Ridículo, mas é a vida. E enquanto tiver gente financiando tudo, no caso a Rede Globo, tudo vai continuar. Mas o que me preocupa mesmo é o futuro da cena. Esses tão só de passagem, assim eu espero.
     Pra vocês terem uma noção da minha preocupação, vou fazer uso da hipérbole, pra fazer uma ponte entre os dois temas, e fazer tudo convergir pro mesmo ponto desse post. Talvez fique horrível, mas foi o melhor jeito que pensei em explicar meu ponto de vista.
     Goiânia vai receber 2, supostamente 3 novos clubs. O Royal, a Pacha (que anda tendo alguns problemas burocráticos com a prefeitura) e o Café de La Musique, sendo este último o mais incógnito, uma vez que só se sabe boatos apesar do real interesse da franquia em abrir outra filial na capital goiana.
     De todos os clubs que já existem, e dessas futuras casas, a que mais me preocupou foi o Royal. Promissora casa com verba pra trazer grandes nomes da música eletrônica. Ok, tudo bem. A fama do lugar também se deve a ser um lugar freqüentado por gente bonita e com altíssimo poder aquisitivo, além de celebridades Globais ou não. Até aí tudo bem. Mas, eis que nada pode ser perfeito, e me aparecem com uma noite chamada Saturday Celebrity. O que isso quer dizer? Quer dizer que todo sábado, teremos celebridades, sub-celebridades, ex-celebridades, celebridades falidas, pseud-sub-celebridades, e o resto da merda toda. Lamentável... Pra inaugurar o "club" vão trazer o porradeiro de primeira, que adora dar porrada em namorada, mais especificamente Luana Piovani: Dado Dolabela.
  

     Sinceramente? Eu dei risada. Pior de tudo é que isso vai fazer a casa fica socada todo sábado. Mas fazer o que? Curtir um som bom com essas pessoas "tocando" é impossível. Eu quero muito queimar a minha língua; não! Quero ter um câncer na minha língua, pra eu estar errado. Quero estar errado porque além de isso ser péssimo pra cena de um modo geral, Goiânia estava precisando de uma casa que viesse pra trazer artistas que as outras não conseguiram. Quero me surpreender muito, mas ao ver o que a casa tem promovido, fica difícil...
     Vontade de tocar? Ah.. é lógico. Como profissional, eu jamais recusaria uma gig por causa disso. Porém, o meu pré-requisito seria tocar o meu som. Que ainda é underground, e aparentemente incompatível com a casa. Se for como warm-upper, que seja pra um artista de verdade. Do contrário, eu não pestanejaria em recusar. Residência porém, impossível e improvável.
     Pode parecer hipocrisia da minha parte, mas se eu quero melhorar a cena, se eu quero ver Goiânia figurando entre um dos melhores lugares pra se ter uma balada, por uma questão de orgulho e de princípios não vou me sujeitar a isso. Novamente, digo: quero estar errado e pagar a língua por cometer esta calúnia. Mas pra isso, é bom me darem motivo e provarem que estou errado.
     Agora... esse é o tipo de lugar em que vamos ver todos esses ex-bbbs. Pra mim, isso foi o atestado de que o público goianiense praticamente está cagando e andando pra quem está tocando e se preocupando com a música, uma vez que numa balada, somente o status, o DJ ser bonito ou ser gostosa, e pegar mulher é o que vale. Isso é balada boa? Um lugar onde se você não veste a última moda em grifes as pessoas te olham com nojo, é um lugar bom? E como já disse minha amiga Gláucia França, "A balada é 'vip', a boate é 'de luxe', o som é 'concept'...aiii! É por essas que cada dia dou mais valor às festinhas em casa com os amigos!" e aumenta cada vez mais a saudade de clubs que fizeram história, fazendo a cena underground nascer, crescer e amadurecer, como foi o Casanostra, Pulse Club & Lounge e o Club Fiction.
    Mas nem tudo são coisas ruins. Goiânia provavelmente num futuro muito próximo vai receber mais uma casa underground de presente, e bimestralmente, temos tido festas de altíssimo nível como foi a Deep Loop #3.